31 março 2009

Reportagem 04

Suécia retira sadomasoquismo da lista de doenças mentais


O governo sueco desclassificou há alguns dias como transtornos mentais alguns comportamentos sexuais antes considerados “desviantes”.

As autoridades consideraram que o sadomasoquismo, o fetichismo e o travestismo são preferências sexuais como outras quaisquer, e que mantê-los na lista de doenças era uma forma de discriminar e estigmatizar seus praticantes.

O país é o primeiro a atender às reivindicações do Revise F65, um movimento internacional que pede a retirada dessas três práticas do Catálogo Internacional de Doenças - CID. O CID é mantido pela Organização Mundial de Saúde e revisado periodicamente, e o Revise F65 luta especificamente contra os itens F65.0, F65.1, F65.5 e F65.6 do catálogo.

Com a adesão da Suécia, é provável que aconteça com o sadomasoquismo e demais fetiches o que aconteceu com a homossexualidade há algumas décadas atrás: o entendimento de que são apenas estilos de vida diferentes do habitual, que podem ser praticados de forma saudável, por pessoas perfeitamente integradas à sociedade.

O tema veio à baila na época em que a ONU estava fazendo inspeções no Iraque para verificar a existência de armas de destruição em massa. Um dos inspetores era integrante de um conhecido clube sadomasoquista de Washington, e foi muito criticado por setores da opinião pública por isso. Ele chegou a pedir demissão do cargo, mas o chefe da equipe, Hans Blix (coincidentemente, sueco), negou-lhe a dispensa, alegando que era um técnico competente e que seus gostos pessoais não tinham relevância no caso.

Os praticantes do sadomasoquismo garantem que a prática é saudável e segura. Afinal, é apenas um teatro, onde não há violência real ou coerção, e onde toda “submissão” é voluntária. Diz-se até que, na verdade, é o escravo que tem o controle da situação, porque toda vez em que achar que o mestre está indo longe demais, basta pronunciar a “senha de segurança” (safe word) que seu dominador é obrigado a interromper imediatamente o que estiver fazendo.



Para os interessados no assunto, eu indico o excelente filme alemão Verfolgt (Castigue-me), de 2006, que mostra uma relação sadomasoquista entre um jovem delinqüente e sua monitora de liberdade condicional, uma mulher de meia idade que tinha uma vida tranqüila, até que o jovem lhe pede que exerça sua autoridade de forma muito pouco convencional.

A carga emocional da relação entre os dois (onde não há sexo propriamente dito) é enorme, e transforma profundamente as suas vidas. É um filme brilhante, com uma fotografia espetacular em preto e branco, e que deve ser visto de mente aberta. É claro que não será lançado no Brasil.

Fonte: http://marcuspessoa.net/

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